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quinta-feira, 6 de junho de 2013

A Família e a Televisão

Não se pode, hoje, ignorar a presença da TV no interior das nossas casas. Faz parte do mobiliário, faz parte do que existe dentro dos nossos lares; penetra na intimidade da vida de cada um – informando, distraindo ou prestando serviços.
A televisão pode ser muito valiosa quando traz novidades na vida cultural, artística, acontecimentos mundiais, fenômenos atmosféricos, descobertas científicas, etc.
AS TRÊS FINALIDADES BÁSICAS DA TELEVISÃO
A televisão é um excelente meio de informar, formar e distrair.

Informar: não há dúvida de que é um excelente meio de informar, consideradas as suas possibilidades de comunicação; de fato, o seu alcance como fonte de informação é infinita e pode trazer o mundo inteiro para dentro de nossas casas.
Com a sua imagem, colorido e força, desperta em todos – adultos, crianças, velhos, moços, de todas as raças, posição social e poder aquisitivo – uma atração inegável, diria até quase irresistível.
Podemos ver que os comerciais, as novelas, os ditos e expressões de artistas, apresentadores, comediantes ou jornalistas acabam por transformar-se na nossa própria bagagem informativa, para depois influir sobre o nosso modo de ser, de falar, de agir, de comportar, de vestir, de sentir, de viver, etc.

Formar: o papel que a televisão exerce é de mais deformar do que formar, pois corremos o risco de sermos manipulados e nos tornamos meros repetidores de seus programas e conceitos. Para tudo isso faz-se necessário escolher adequadamente a programação que se pretende assistir.
Distrair: a televisão possui o papel de distração desde que a pessoa não se entregue, ao usá-la, à passividade, preguiça e alienação.
ASPECTOS NEGATIVOS DA TELEVISÃO
A televisão é um entretenimento ao qual mais tempo dedicam os filhos e também os pais. É um bom meio para adquirir conhecimentos e para divertir-se, mas seu abuso tem efeitos muito negativos:
• Empregar um tempo desproporcionado para ver televisão prejudicará o rendimento escolar e será um empecilho para a formação da capacidade crítica, reflexiva e criativa dos filhos.
• O uso da televisão como recurso fácil para que os filhos não incomodem em casa tem conseqüências muito negativas – fomenta a passividade, impede o desenvolvimento da criatividade, facilita a assimilação de contra-valores (violência, infidelidade, egoísmo, poder acima de tudo,...) que nada têm a ver com a formação que procuramos para nossos filhos.
• A televisão pode chegar a obcecar nossos filhos e encadeá-los durante horas ao aparelho, escravizando-os como uma droga que cria dependência: a “teleadicção”. O “teleadicto” é uma criança que perde a vontade, personalidade e ânimo para a vida; em suma, está perdendo sua liberdade. Quando se usa deste modo, a televisão impede a leitura e reduz o tempo dedicado aos jogos, a permanência ao ar livre, a atenção às tarefas escolares, ao sono...
• Os anúncios têm o papel de orientar a vontade para a compra ou o consumo de um determinado produto, e normalmente se baseiam em emoções que levam a pessoa a não pensar e agir por impulso.
• A violência e a pornografia se fazem cada vez mais presentes com conseqüências dramáticas, porque manipulam, reduzem o ser humano à condição de objeto, de meio para satisfação de interesses não convencionais, não partilháveis. Ambas podem “paralisar progressivamente a sensibilidade, afogando o sentido moral dos indivíduos a ponto de os tornar moral e pessoalmente indiferentes aos direitos e a dignidade dos outros; favorecem preocupações doentias nos terrenos da imaginação e do comportamento; podem interferir no desenvolvimento moral da pessoa, no amadurecimento das relações humanas sadias e adultas, especialmente no matrimônio e na família; põe em dúvida o caráter familiar da sexualidade humana autêntica e conduzem ao desprezo pelos outros, porque os consideram objetos em vez de pessoas”.
• A violência e a pornografia produzem riscos no cotidiano principalmente sobre as crianças, embora os malefícios sejam inegavelmente maiores quanto menos idade tiverem os telespectadores.
• A televisão e os meios de comunicação em geral acabam enfatizando lideranças negativas, como o jogador de futebol agressivo, o traficante de drogas, os pais que morrem de rir com as grosserias de programas como “Casseta e Planeta”, “Ratinho”, etc., músicas de sentido dúbio ou declaradamente a favor de drogas e linguagem pornográfica.
• O sexo extraconjugal é retratado cerca de oito vezes mais freqüente que o sexo entre cônjuges. Insistem os produtores de TV em desrespeitar a honestidade do matrimônio e atentar contra a fidelidade do casal e contra os deveres para com os filhos... todos percebem a brutalidade dos ataques à família inseridos nos enredos das novelas e nas propagandas comerciais: ciúme, inveja, força do instinto, diálogos chulos e espetáculos chocantes. O sexo e o prazer também são atrativos e o nível de sua permissividade está em consonância com seus valores morais e éticos.
VANTAGENS DA TELEVISÃO
• Enriquecer o vocabulário;
• Enriquecer a vida familiar, aproximar seus membros, promover a solidariedade com outras famílias que selecionam os programas e a eles assistem juntos aumentando a coesão de seus membros;
• Proporcionar temas para discutir em família o que se viu, analisar conteúdos, compreender e avaliar valores éticos veiculados por papéis e atitudes dos protagonistas, etc., desenvolvendo assim a capacidade crítica;
• Fomentar a curiosidade e o desejo de informações complementares da realidade em movimento que se contempla;
• Transmite uma realidade animada que desperta a curiosidade e suscita o desejo de uma informação complementar;
• Torna-se benéfica para pessoas acamadas, que por quaisquer circunstâncias, se encontrem, temporariamente ou definitivamente recolhidas em seu lar ou num leito. E para pessoas que moram em regiões distantes desprovidas de outros meios de acesso e comunicação, através da televisão pode-se ajudá-los a adquirir bons hábitos;
• Na área da educação a televisão promove aulas e cursos, habilitando inúmeras pessoas a encontrar o seu lugar útil e produtivo na sociedade.
TELEVISÃO: DOMADA, ALIADA E AMIGA DA FAMÍLIA
“A família é o microcosmo da sociedade. Uma família na qual as crianças podem fazer quase tudo significa preparar uma sociedade na qual quase tudo é possível. Uma família desordenada significa uma sociedade caótica. Uma família cheia de ódio equivale a uma sociedade de pessoas que se odeiam. Uma família que está a ponto de se romper dá lugar a uma sociedade prestes a desmoronar...” – Gordon Taylor
Nossa preocupação é oferecer às famílias meios simples e tão práticos quanto possível de uma avaliação em âmbito familiar mesmo, de como anda o nosso relacionamento cotidiano com este instrumento que nos pode ser de muita utilidade ou nos causar muito dano. A proposta é ajudar, na medida do possível, que pais e educadores tenham ao seu alcance providências serenas a tomar diante do que, na mídia, consideram inconveniente e/ou inoportuno, prejudicial ou até nocivo para os filhos. O importante é fazer desse instrumento nosso aliado.
Na família aprende-se o que são valores, virtudes, e como vive-los, a partir do exemplo dos pais. Na família forma-se a consciência, educam-se a inteligência e a vontade através do exercício contínuo do bem-ser (amor, carinho, segurança, limites, proteção, confiança, respeito, oportunidades, formação de hábitos, convivência, coerência, ...) e do bem-estar (as necessidades básicas do ser humano – alimento, moradia, vestuário, estudos, serviços de saúde, lazer,... tantas !).

COMO UTILIZAR A TELEVISÃO A NOSSO FAVOR
Hoje em dia temos a possibilidade de conhecer a programação básica das emissoras de TV. Portanto, é direito e dever dos pais conhecer essa programação e selecioná-la com os filhos e para eles, porque é importante que a família como um todo saiba o que existe e as crianças aprendam com os pais a ter critérios ensinados e exercidos em casa, sobre aquilo a que se deve ou não assistir nos programas de televisão, e por quê.
Isso se torna uma ótima oportunidade de educar para o senso crítico assistindo juntos a novelas (se for inevitável) e filmes, aproveitando os intervalos para perguntar, por exemplo “Quais os valores desses personagens ? Honestidade, caráter ? Quais os contra-valores ?”. E, sem descuidar a ocasião transmitir-lhe ensinamentos como: “as cenas que vemos nas novelas muitas vezes estão em contradição com os valores que procuramos viver aqui em casa, por esta e aquela razão”... Vamos assim formando critérios nos filhos que saberão ver, julgar sem paixão e agir conseqüentemente.
Assim, uma boa dica para a família é que a programação assistida por todos em casa deva ser comentada, avaliada, discutida, aprendida: sim, não, por quê. Isto é educar!
Todos desejamos qualidade – e qualidade “total” – em nossas vidas. Por esta razão, devemos arregaçar as mangas, procurar reagir para que nossos filhos se conscientizem do melhor uso da televisão.
VAMOS COMEÇAR ? COMO ?
• Não ter um aparelho em cada quarto, mas apenas na sala.
• Nunca utilizar a televisão como babá eletrônica, pois ela não dialoga, não sorri, não responde, não tem calor; limita-se a estar aí, fria e azulada...
• Não fazer as refeições com a televisão ligada nem diante dela: necessitamos favorecer uma digestão saudável e saborear os alimentos, e não, simplesmente, introduzir “nutrientes” pelo tubo digestivo como se fôssemos tubos de ensaio...
• Não relacionar a televisão com a alimentação, com petiscos e guloseimas, com posturas incorretas numa sala muito escura, numa posição muito próxima do aparelho, etc. ..., pois tudo isso favorece a instalação de maus hábitos alimentares, digestivos e posturais.
• Desencorajar que se estude ou se faça os deveres da escola com a televisão ligada. Aliás, assistir televisão antes ou depois dos estudos atrapalha a assimilação e concentração nos mesmos, segundo estudos realizados nos E.U.A.
• Evitar privar os filhos de assistir à televisão como um castigo, pois isso equivale a valorizá-la além do devido...
• Não praticar o zapping (ficar clicando os canais para ver o que está passando em cada um), mas selecionar antes a programação a que se vai assistir; estabelecer horários e depois, ajudar e ensinar as crianças a escolher programas adequados, não manuseando sem sentido, ao acaso, o seletor de canais ou controle remoto.
• Proporcionar habitualmente programas alternativos à televisão, passeios, excursões, jogos, brincadeiras, artes, musica, desenhos, leituras, visitar famílias amigas, estimular os filhos a praticar a solidariedade, fazer companhia às pessoas, dar aos filhos tarefas, encargos domésticos adequados à maneira de ser, aos temperamentos, idades, aptidões, e valorizá-los por isso.
• Optar por desenhos e filmes gravados em vídeos, previamente vistos pelos pais, pois 50% dos desenhos animados não são recomendáveis. Seu conteúdo é rico em violência de luzes, sons, imagens e diálogos.

Fonte: IDE - Instituto de Desenvolvimento da Educação